200 MIL MORTES REVELAM DESCASO DO GOVERNO

Diante de todo esse cenário de catástrofe humanitária, temos um Presidente da República que exalta a morte e lava as mãos em sangue

O Brasil inicia o ano de 2021 com a triste marca de 200 mil mortes pela Covid-19, ocupando a vergonhosa segunda posição mundial em número de óbitos. Infelizmente, estima-se que esse número seja maior, pois não conta com a subnotificação: pessoas que faleceram pela doença, mas sem confirmação por exame.

Permanecemos com nível de transmissão do vírus em curva ascendente, ainda mais acentuada após as festas de fim de ano, onde houve completa inanição do poder público no controle da população. Perdemos todos os dias a mãe, o pai, o filho, a filha, os avós, a irmã, o irmão, o amigo de alguém. Crianças, adultos e idosos. Em sua maioria, pessoas pobres, perifericas, negras e negros, trabalhadores, usuarios de transporte coletivo, expostos diariamente.

Assistimos a sobrecarga nos sistemas de saúde, com profissionais exaustos, adoecidos, em ambientes degradantes, com falta de condições mentais e materiais para o trabalho. Dessa forma, muitas mortes são indignas, sem chance de ter um atendimento adequado, sem oxigênio, sem suporte profissional, sem medicações, sem leito, sem conforto, sem despedir-se.

Apesar de ser parte do ciclo da vida, as mortes sem dignidade, que poderiam ser evitadas diante dos avanços científicos e de medidas efetivas de prevenção, não devem ser naturalizadas. As mortes são banalizadas quando o lucro está à frente da vida, quando os seres humanos são vistos como coisas – objetos – propriedades. 

Cabe lembrar que, além da COVID-19, as outras condições de saúde não deixaram de existir e necessitam de melhor estrutura para o seu acompanhamento, sendo negligenciadas pela alta demanda de cuidado e de recursos gerada pela pandemia.

Diante de todo esse cenário de catástrofe humanitária, temos um Presidente da República que exalta a morte, lava as mãos em sangue ao falar “e daí?” e um Ministério da Saúde que trabalha incessantemente pelo negacionismo, pela anti-ciência e pelas fake news. Aliado a isso, vemos a tentativa de privatização da vacina e crescimento constante dos lucros dos planos de saúde.

Um governo que promove a morte e o descaso.

Descaso também refletido na piora das condições de vida da população, com o aumento do desemprego, da população em situação de rua, de pessoas na faixa da miséria e da extrema pobreza, do analfabetismo e das diversas formas de violência: contra mulheres, crianças, LGBTQIA+, negras e negros, indígenas e outros grupos oprimidos.

Faz-se urgente a renovação do Auxílio Emergencial, a revogação da Emenda Constitucional 95/2016 e a criação de um Plano Nacional de Enfrentamento à Pandemia. Plano este que coordene as três esferas de governo, estabeleça medidas restritivas e de distanciamento quando necessárias, promova ampla testagem e rastreio de casos suspeitos e contatos, invista em prevenção e promoção de saúde, valorize da Atenção Básica e coloque mais recursos para o Sistema Único de Saúde, oferecendo vacinação de forma rápida, universal e gratuita. 

Por fim, nos solidarizamos com as famílias e amigos das vítimas e com todos os profissionais de saúde que se encontram, de diferentes formas, na linha de frente. Que possamos em breve lembrar deste trágico fato como passado, mas nunca esquecendo das centenas de milhares de vidas perdidas. 

07.01.2020

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