“A tragédia do COVID-19 no Brasil: 124 mortes maternas e contando”

Dados iniciais de estudo publicado no Jornal Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, realizado em conjunto por pesquisadores e pesquisadoras da UNESP, UFSCAR, FIOCRUZ, IMIP e UFSC, apontam para a trágica realidade brasileira: até o dia 18 de junho de 2020, foram notificadas 124 mortes pela COVID-19 entre gestantes e puérperas. Além de ser o país com maior número de mortes maternas pelo vírus, essas mortes superam todas as mortes somadas dos demais países no mundo.

Para analisar os dados, foi utilizada a planilha do SIVEP-Gripe, onde constavam 978 casos de SRAG por COVID-19 em gestantes, das quais 124 evoluíram para óbito, evidenciando uma letalidade de 12,7%. Apesar de serem do grupo de risco, possivelmente por alterações imunológicas e fisiológicas do organismo referentes ao período gravídico, a letalidade brasileira é superior a qualquer estudo prévio com gestantes e puérperas acometidas pelo coronavírus.

Para analisar os dados, foi utilizada a planilha do SIVEP-Gripe, onde constavam 978 casos de SRAG por COVID-19 em gestantes, das quais 124 evoluíram para óbito, evidenciando uma letalidade de 12,7%. Apesar de serem do grupo de risco, possivelmente por alterações imunológicas e fisiológicas do organismo referentes ao período gravídico, a letalidade brasileira é superior a qualquer estudo prévio com gestantes e puérperas acometidas pelo coronavírus.

Outras possíveis respostas para o problema são apontadas pelo estudo, como fragilidades crônicas da assistência materno-infantil, racismo estrutural, desigualdades no acesso aos serviços de saúde, violência obstétrica, elevada taxa de cesarianas (as quais aumentam a fragilidade do organismo no pós-operatório), entre outros.

Além da pandemia, estamos percebendo os reflexos do desmonte do SUS, da Atenção Primária em Saúde e do Programa Estratégia Saúde da Família.  Muitos estados brasileiros sequer chegaram ao pico de casos, passamos de 75 mil óbitos e ainda não temos direção no Ministério da Saúde nem um programa nacional de combate à pandemia adequado, compromissado com a vida do povo Brasileiro.

A conjuntura é mais que desafiadora para os que estão na linha de frente, lutando em defesa da vida e do SUS. Diante desse cenário, é preciso agir, construir redes, fortalecer as organizações coletivas, dentro e fora da esfera institucional. Diversas iniciativas pelo Brasil e pelo Mundo podemos tomar como exemplo. Além de cobrar e buscar intervir nas gestões de saúde municipais e estaduais, temos como horizonte os trabalhos comunitários, seja através da Campanha Periferia Viva, com a iniciativa Mãos Solidárias e Agentes Populares de Saúde, ou demais alternativas populares.

Referência: 

https://doi.org/10.1002/ijgo.13300

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