Os médicos devem apoiar o Piso Nacional da Enfermagem

Está em tramitação no Senado o Projeto de Lei 2564/2020 que institui o piso salarial nacional de R$ 7,3 mil mensais para enfermeiros, de R$ 5,1 mil para técnicos de enfermagem, e de R$ 3,6 mil para auxiliares de enfermagem e parteiras. O valor estabelecido pelo projeto, no caso dos enfermeiros, é para jornada de 30 horas semanais. Em caso de jornadas superiores, o piso salarial nacional terá a correspondência proporcional.

Em 2013, a maioria das trabalhadoras da Enfermagem eram mulheres (85%), negras (53%) e em sua maioria técnicas e auxiliares de enfermagem (77%). Mais de um terço (38,6%) trabalhavam mais de 40h/semana; 96,2% ganhavam no máximo R$ 5 mil, porcentagem que aumenta para 98,2% no setor privado (1).

Durante a pandemia de Covid-19, a Enfermagem foi uma das categorias que mais sofreu, registrando 53.631 casos da doença e 776 óbitos (2). Mal protegidos, 45% afirmam não terem recebido equipamentos de proteção individual (EPIs) dos serviços em que trabalhavam, proporção que aumenta à medida que aumenta a carga horária de trabalho e nos serviços de alta complexidade (3).

A aprovação do piso da Enfermagem é fundamental para valorizar esses profissionais tão essenciais para o cuidado em saúde da população. A categoria médica deve prestar esse reconhecimento, pois não se constrói cuidado com apenas uma profissão, mas em equipe: compartilhando saberes e práticas de maneira responsável, sem autossuficiência, arrogância ou corporativismo de qualquer lado.

(1) Pesquisa “Perfil da Enfermagem no Brasil” – 2013. FIOCRUZ/COFEN.
(2) Observatório da Enfermagem – 2021. COFEN.
(3) Relatório final. Trabalhadoras e trabalhadores protegidos salvam vidas – 2020. PSI – Internacional de Serviços públicos.

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